O Livro Imaginário |
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sábado, janeiro 31, 2004 ( 1/31/2004 11:48:00 PM ) Ana Paula Passara os últimos dias ausente do mundo. Não conseguira manter a concentração após aquela conversa. Não parecera magoada e pelos muitos e-mails que trocaram ao longo dos dias que seguiram, tudo estaria melhor que nos últimos seis anos. Ela, porém, não fixara atenção em nenhuma atividade desde então. Algo a preocupava e, pelo que o irmão percebera no pequeno diálogo que tiveram na tarde anterior, não era nada relacionado ao coração. O brilho no olhar parecia fugir pelos cantos levemente puxados e ela voltara a andar pela casa em silêncio outra vez. Cartas. Presentes. Textos. Livros. Pilhas e mais pilhas de papel. Caixas. Muitas caixas. Ela pousava os olhos sobre tudo a cada manhã e não emitia sinal de que tocaria aqueles objetos tão logo. Apenas sentava diante da tela e respondia as mensagens. Nada mais. Começou a rabiscar um pedaço de papel em cima do criado mudo. Estou sozinha. Quer dizer, sozinha não, o bichano me acompanha dia e noite enquanto o amor não volta. Ele viajou para ver os pais. Achei maravilhoso. Não tenho muitas palavras esses dias e não saberia como estar com ele ao lado sem conseguir dizer nada. Tenho pensado muito. Tenho dormido pouco. Tenho tido muito tempo. Tenho feito quase nada. Queria dar mil abraços no amor, mas sem que ele perguntasse o que tenho. Talvez não tenha nada, apenas fases de silêncio. Fases em que as palavras invertem o sentido. Querem dizer algo a mim e não aos outros. Mais tarde rabiscou o verso Que saudade...que saudade...do cheiro do teu cabelo...e do teu sorriso maroto. Que falta eu sinto de ti...mas não me pergunte o que tenho. Quero um pouquinho de ti e nada mais. # |
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